Ao despertar entrou em pânico de repente.
E o grito que irrompeu da garganta afora,
pois no que se viu o brado saiu automaticamente,
era toda a força da vida contida, porque ia embora.
Sem saber como em tal situação havia parado,
não lembrava de prenúncio ou preâmbulo.
Percebia-se então um suicida sonâmbulo?
Inconsciente, teria a extrema decisão tomada?
Tontura, frio na espinha e arrepio nos pelos.
Frio também no estômago e no coração um gelo.
Às suas vistas a realidade era mais que crua:
a calçada a que ia de encontro era a sua rua.
E no mesmo átimo do desespero fatal,
o espírito agitado, em tremendo vendaval,
todo o pensamento a Deus convergia.
Era um ser que em queda livre logo morreria.
O resumo da vida passava; as janelas...
Viria com o tremendo choque a fatal consumação,
mas foi o sol na cara e a clara compreensão:
despertava de um pesadelo numa aurora tão bela.
No peito uma ira, como de quem sofreu desmesura,
no agitado coração acumulou-se intensamente.
Intuía fortemente: engendraram tal loucura.
Seus fantasmas da perdição, certamente...
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