Você é louco.
Sua arte reflete você:
muito louca.
Mas é arte:
tem beleza,
vida.
Sua boa pessoa é doida;
doída,
por conta daqueles dias
que deixastes para trás,
vivendo os seus novos dias,
que a lucidez de um momento
lhe iria reservar;
sua boa pessoa é incompreendida
pelos que não conhecem a loucura,
e assim não conhecem os novos dias.
Mas você sabe que não é louco.
No fundo, no fundo, há quem o saiba.
Talvez tenha alguma minhoca na cabeça,
encucação daqueles dias de cólera,
mas nada que altere o seu amor...
Altera quando muito o seu humor.
Corre o risco de ter algum inimigo oculto...
Mas não adianta pensar,
ter medo,
se preocupar...
Manda ao inferno a paranoia.
Você sabe que há amor na natureza,
que há amor no mundo,
e que para viver melhor
terá que acreditar nas pessoas,
que mais haverão de serem boas,
no caminho de luz
por que deve seguir.
Viva você
o que tem a fazer.
Se busca ainda
realizar seu ideal,
não se preocupe
com dinheiro
muito ou pouco;
deixe-se ser
sentimento a fluir
do seu viver,
sem ter de reclamar,
se lamentar,
se defender,
se explicar,
tentar convencer;
sem se preocupar
se se mostra, se é aceito.
A vida não pergunta,
apenas existe, e pronto.
E não se preocupe
em ensinar,
apenas deixa subentendido
o que aprendeu.
E lembra que sempre soube do fim.
Até melhor assim:
tem vez que fica tudo mesmo ruim.
E lembra que a vida é assim.
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