sábado, 21 de novembro de 2020

Sons e Cantos














Pelo rádio vinham sons e cantos
nos prenúncios matinais,
nas antemanhãs ao despertar,
encantando a mente pueril,
curiosa, indagadora,
intuitiva , adivinhadora
de que de longínquas distâncias vinham.
Era o mesmo mistério nas auroras...
Rubra era a luzinha da sintonia.

Sons e cantos vinham
germinando vivos sonhos,
de precoces desejos,
inspirando primeiros cantos,
miméticos aos ouvidos do mundo,
na fantasiação delirante,
até voltar à realidade,
d’onde os vivos sonhos nasciam.

Um áureo sonho num sono sonhado
dissipa a sombra assustadora da morte,
monstro a espreitar criança em pavor ,
que custa pregar os olhos a dormir.

Tudo adormece
enquanto o ser cresce
nos afazeres da vida,
nos tratos da lida,
sem deixar de ouvir jamais
sons e cantos no ar,
de tão herméticos entendimentos
que nem valem raciocinar,
mas de irrecusável encantamento
pelas notas a vibrar,
pelos tons e melodias,
pelos sentimentos e poesia,
o que leva num momento a imaginar,
a desejar,
a cantar,
nas entrelinhas dos afazeres da vida,
dos tratos das lidas.

Tudo adormece,
mas tudo pode despertar,
ainda mais se o céu desaba;
ainda mais se o mundo se acaba.
E quando tudo desperta,
sonho, desejo, imaginação, fantasia,
são lavas vulcânicas
que se irrompem incontidamente.
E se toca pelas longínquas distâncias
para alcançar de onde vem sons e cantos
- Seja uma estrela do firmamento,
seja um confim de mundo.

Sons e cantos tomam o juízo,
despertando inerentes sentimentos.
Até os que não se quer ter,
zoando num momento de aflição.
Sons e cantos assim
como insetos zoam;
agoniam a consciência,
remoendo dores condoídas
num dolente momento de aflição
no leito que então se faz
do querer ser outro livre ser
de próprios sons e cantos
reveladores de pertinentes verdades.

Sons e cantos tomam o juízo.
E neles vêm canções, corações;
nuances da vida, histórias;
dor sangrenta que balança;
a paz celeste alcançada;
a morte como ser da natureza.
Sons e cantos tomam o juízo,
e neles vêm desilusões,
traições de anseios e expectativas,
amores que não quiseram seus amores;
mãos que ficaram no ar;
explosões de rebeldia irreverente;
amarguras em prisões;
sofrimentos de açoites,
por imperdoados erros,
de deslevadas ignorâncias,
de pecados e crimes.

Nos sons e cantos vêm
sexo, drogas e sons e cantos;
e histórias tais
como um cerco a se fechar;
fuga de redoma sufocante;
retorno do desejo de sons e cantos;
zumbis em estradas;
peitos a paixões apegados;
se jogar pelo planeta,
abnegadamente à prova,
num tudo ou nada,
num vida ou morte.

Nos sons e cantos vem
a fé dos abençoados
em boas palavras;
a luz que se faz presente;
que ilumina e inspira a vida;
seres que veem no outro
carne da sua carne.

Nos sons e cantos vêm
o que é ter esse sentimento
de estar injetado para sempre de amor.

Nos sons e cantos vem
uma versão da história.
Da história de sons e cantos.


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